quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Um dia com Luis Fernando Verissimo


A paixão pela música veio antes do encontro com a literatura, no entanto, é por seu jeito inconfundível de retratar as situações cotidianas que Luis Fernando Veríssimo é conhecido.
Humildade talvez seja a melhor palavra para descrever este homem que aos 72 anos mantém uma saúde de causar inveja e um olhar sensível e amoroso para os que dele se aproximam.
O autor é saxofonista desde os 17 anos, idade em que morava com seu pai Érico Veríssimo , nos Estados Unidos. “A música me dá mais prazer que a literatura”, afirma o escritor que já perdeu as contas de quantos livros publicou.
Para manter seu vínculo com a música, Veríssimo faz parte do grupo Jazz 6, formado por músicos profissionais de Porto Alegre e que já tem quatro cds lançados. “Nunca me aprofundei na música ou mesmo no instrumento, o sax alto. Só o que eu queria era poder brincar de jazzista. Que é o que eu faço até hoje”.
A literatura só veio aos 30 anos, quando deixou as agências de publicidade para trabalhar em jornais. “Descobri minha vocação um pouco tarde e fiz de tudo para ser cronista, até horóscopo”. Além dos livros, Verissimo escreve semanalmente em grandes jornais do país e é chargista. Ao ser questionado sobre como consegue ter tanta inspiração, a resposta simples vem em seguida: “A musa do cronista é o prazo de entrega”.
O autor é tímido, uma timidez que o torna ainda mais encantador, porém, é só subir no palco para falar ou para tocar que ele revela porque é o grande artista que é. Para quebrar a timidez basta falar de sua família. “Meus três filhos são escritores: um compositor, uma roteirista e uma pesquisadora”, diz com brilho nos olhos.
Dentro de sua intensa produção o autor não tem um livro favorito, apenas salienta que foi “O Analista de Bagé” que lhe deu visibilidade. Na bibliografia de seu pai, o livro favorito é “O Tempo e o Vento”, sendo que o primeiro da trilogia nomeado “O Continente”, para Luis Fernando é o mais expressivo. “Meu pai foi um dos primeiros brasileiros a fazer literatura urbana, informal e despojada. Ele foi incompreendido em sua época, mas foi descoberto pela crítica”.
Sobre as novas tecnologias, Veríssimo se mantém distante da Internet. “Uso o computador como uma máquina de escrever, exceto pelo e-mail. Nem sei bem o que é twitter”, porém, existem vários perfis falsos seus na rede de “microblogs”, um deles tem mais de 4 mil seguidores.
O sucesso não parece atrapalhá-lo em nada, Veríssimo tira fotos, abraça, escuta com paciência todos os fãs que se aproximam, seja para dar um presente ou simplesmente um abraço.
A leitura no Brasil ainda é um problema, no entanto, o autor acredita que textos curtos e  bem humorados podem ser uma maneira de atrair os jovens leitores. “Acho que o que está sendo feito em muitas escolas, com feiras de livros, encontros com escritores e a encenação de textos literários está dando resultados. Agora, o mercado editorial só melhorará quando a economia de todo o país melhorar, uma coisa não pode ser desassociada da outra”.
Seu último livro está no prelo, será lançado pela editora Objetiva e chama-se “Os Espiões”, sobre a obra Veríssimo não revela muito, somente que trata-se de um romance que não foi encomendado pela editora e que história se passa em um cidade fictícia do interior do Rio Grande do Sul.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto, Alessandra!
Eblak