sábado, 30 de abril de 2011

Tatyana, de Deborah Colker


No palco uma grande armação de madeira móvel parecida com uma árvore, corpos se movimentam sincronizados com uma música forte e rápida, escalam a árvore, desafiam os sentidos do público e os olhos que não parecem capazes de acompanhar tantos movimentos.
Assim começa o primeiro ato do espetáculo de dança contemporânea Tatyana, assinado pela Cia Deborah Colker. A carioca Colker é conhecida como a diretora do movimento, e não há dúvidas sobre sua capacidade de surpreender.
O segundo ato da apresentação conta com efeitos de iluminação sobre grandes telas que dão a impressão de haver dois ou três planos no mesmo palco. Diferentemente do primeiro ato, rápido e colorido, o público adentra um universo mais exato que lembra filmes antigos, preto e branco, movimentos lentos e sincronizados.
O espetáculo é baseado na obra do russo Aleksandr Pushkin, nomeada “Evguêni Oniéguin”, no entanto, não é preciso conhecer o texto para se emocionar com a beleza da coreografia que conta uma história com duelos, morte, paixão, encontros e desencontros. Os personagens parecem buscar algo em seu próprio corpo ou no corpo dos outros, danças solitárias se completam com as coreografias coletivas em um movimento de solidão e companheirismo.
Tudo é simples e majestoso ao mesmo tempo, o cenário parece desafiar os dançarinos e o figurino é rico em pequenos elementos como as sapatilhas que parcialmente cobrem os pés descalços. A iluminação também parece brincar com as cores e possibilidades, o palco nunca está totalmente aparente, há sempre algum movimento a ser descoberto pela luz e os enigmas com as sombras. O apagar e acender das luzes no segundo ato enriquecem a teatralidade do espetáculo.
Provocante em todos os momentos, a apresentação permite um êxtase sensorial e a sensação de que poderia ver a mesma coreografia inúmeras vezes.