terça-feira, 3 de novembro de 2009

Experimente "3 na Massa"


Em meio a tantas mulheres cantando sons parecidos, vale a surpresa do projeto “3 na massa”, criado pelos membros do Nação Zumbi, Dengue e Pupillo e por Rica Amabis do selo Instituto.
Mulheres com vozes e estilos completamente diferentes, experimentam e se revelam no CD “Na Confraria das Sedutoras”, uma obra de arte para ouvidos cansados de mesmices. Tem Leandra Leal, Thalma de Freitas, Céu, Nina Becker e destaque para Pitty que supera expectativas.
As letras escritas na maioria das vezes por homens (dentre eles Rodrigo Amarante), trazem histórias de ilusões e desilusões amorosas. Apesar de letras interessantes, o projeto vale mais pelas experimentações sonoras, que trazem música eletrônica, batidas latinas e muitos “barulhinhos”.
Para degustar: http://www.myspace.com/3namassa
Selo Instituto: http://www2.uol.com.br/instituto

Budapeste – o filme e o livro



A brincadeira com as palavras e seus significados é o que torna o livro “Budapeste”, de Chico Buarque, interessante. Já no filme valem mais as imagens da capital húngara do que a história em si.
A direção do filme é de Walter Carvalho e tem no elenco o ótimo Leonardo Medeiros, Giovana Antonelli e a atriz húngara Gabriella Hamori. A história relata a vida monótona de um escritor anônimo chamado José Costa, que para fugir de sua realidade no Rio de Janeiro encontra em Budapeste e no húngaro uma saída para seus problemas existenciais.
Costa escreve best sellers e não os assina, é casado com uma jornalista egocêntrica e tem um filho que é menosprezado pelo casal. Leonardo Medeiros está incrível no papel de intelectual depressivo e as poucas risadas vêem de seus diálogos excêntricos.
Em Budapeste, Costa conhece Kriska, a mulher que o ensina húngaro e pela qual ele se apaixona. Mesmo falando línguas tão diferentes, eles se comunicam e o filme traz boas cenas deste relacionamento, que é quase uma paixão infantil.
O filme tem o mesmo andamento do livro, é lento, a história não caminha e quando acaba você fica com a nítida impressão de que não entendeu alguma coisa. Quando soube que haviam lançado o filme, fiquei curiosa porque não compreendia como conseguiriam transformar em roteiro uma história tão subjetiva e tão ligada às palavras, mas Walter Carvalho conseguiu e em termos de adaptação de livro para obra audiovisual o trabalho dele foi genial.
Alias esta é a primeira direção que Carvalho assina sozinho, apesar de ter trabalhado como diretor de fotografia em vários sucessos nacionais como “O Céu de Suely”, “Cazuza” e “Carandiru”.
Nos extras do DVD tem o making off , que é tão vazio como o filme, os atores parecem não conseguir expressar o que significam seus personagens.
A obra passa por diversos questionamentos, como a indústria literária, a espetacularização, o vazio existencial, a solidão; porém, são tantas temáticas que o leitor/ espectador perde o interesse. Chico Buarque é indiscutivelmente o mestre das palavras e o livro traz trechos deslumbrantes, mas particularmente ainda o prefiro como compositor.