sábado, 24 de outubro de 2009

Excentricidade e sensibilidade


As maneiras de lidar com a morte, este é o tema principal do filme japonês “A Partida” (Okuibito), que recebeu o Oscar deste ano como melhor filme estrangeiro e de diversos prêmios no Japão, China, Canadá e Estados Unidos.
O roteiro narra a história de um violoncelista (Daigo) que ao perder seu emprego em uma Orquestra que não recebe apoio, acaba encontrando trabalho em uma empresa funerária, porém, os funerais japoneses são ritualísticos e o cadáver além de ser maquiado, é lavado e vestido de uma maneira toda especial antes de ser cremado.
A atividade do funcionário que prepara o “nokanshi” é desprezada pela sociedade japonesa, e o músico esconde o novo trabalho de sua mulher Mika, quando ela descobre não aceita o emprego de seu marido e sai de casa. Daigo apesar da solidão, redescobre a paixão pela vida e percebe o quanto é preciso valorizar as pessoas e cada momento da existência.
A filmagem é de uma delicadeza impressionante, os objetos, os olhares e pequenos gestos ajudam a contar esta história que leva a muitas reflexões. É uma ótima oportunidade de conhecer um pouco da cultura japonesa, rica em simbolismos.
Ao assistir, as lágrimas se misturam a sorrisos, já que existem momentos em que os exageros nas atuações se tornam engraçados e dá para perceber porque os desenhos de mangá fazem tantas caretas.
Daigo encontra pessoas, famílias, religiões, histórias e encontra a tranquilidade quando reencontra seu pai, que não via desde os seis anos.
A relação entre o antigo e o moderno fica clara quando a orquestra é desvalorizada e quando a casa de banhos, que Daigo frequenta desde pequeno está ameaçada de fechar. É o novo Japão, das cidades grandes, das tecnologias convivendo com o Japão milenar, rico em costumes tradicionais.

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