quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Ribeirão-pretano está insatisfeito com o transporte coletivo

Usuários do sistema de ônibus urbano de Ribeirão Preto apontam problemas, sugerem mudanças e avaliam o serviço com nota média de 5,4.
Os dados foram colhidos em entrevistas com 134 usuários de ônibus, realizadas entre os dias 18 e 30 de outubro nos pontos da praça Carlos Gomes e praça das Bandeiras.
95% dos entrevistados apresentaram a demora como principal problema, tanto de segunda a sexta quanto nos finais de semana.
A diarista Alda Quadros lida com a espera ao trocar de ônibus, na chamada integração, pois as linhas que utiliza para trabalhar: São Sebastião e City Ribeirão, não tem horários coincidentes no ponto central. “São ônibus utilizados diariamente por empregadas domésticas e o tempo de espera varia de 40 minutos a uma hora”, explica.
Cerca de 80% dos usuários criticaram a falta de cobradores. Para a promotora de merchandising Nayara Graziel do Nascimento, a dupla função do motorista envolve as esperas e a segurança dos passageiros, já que muitas vezes eles recebem o dinheiro e dirigem ao mesmo tempo.
A operadora de telemarketing, Edvaine Maria Campos, elogiou o serviço e acredita que a implantação dos cartões é positiva, porque facilita a integração. Já o aposentado Ubirajara Pimenta concorda que a falta de cobradores é um problema, porém, elogia o trabalho dos motoristas, que segundo ele, sempre são atenciosos.
O terceiro problema mais criticado foi o preço, que para 50% dos entrevistados é incompatível com o tamanho da cidade e com a qualidade do serviço.
De acordo com Valéria Gonçalves Freitas, que trabalha com idosos, falta acessibiliade no transporte. “Os veículos não são projetados para que todos possam utilizá-los. Pessoas com debilidade física têm dificuldade de subir os degraus, que são muito altos”.
Os usuários também criticaram os pontos, relacionando problemas como falta de segurança, concentração de ônibus em poucos pontos no centro da cidade e ausência de abrigos. Dez usuários sugeriram o retorno dos terminais que foram desativados.

Responsáveis pelo transporte debatem questionamentos dos cidadãos

O presidente do sindicato das empresas de transporte coletivo de Ribeirão Preto e região, Carlos Roberto Cherulli, explica que 20 minutos é o tempo médio de espera em cidades do porte de Ribeirão Preto. Os horários, itinerários e o número de ônibus por linha, são organizados de acordo com a demanda, relatórios colhidos pela bilhetagem eletrônica e acompanhamento da equipe de fiscalização.
Segundo Cherulli, a demanda pelo transporte nos finais de semana chega a ser 70% menor do que de segunda a sexta. “As pessoas também devem se adequar ao transporte coletivo”.
Para o gerente de transporte coletivo da Transerp, Reynaldo Lapate, o desafio das empresas é oferecer um serviço adequado e acessível à população.
O valor da passagem é calculado de acordo com uma planilha de preços nacional e com os gastos em cada cidade, segundo Lapate, o preço de Ribeirão Preto é semelhante a cidades do mesmo tamanho.
Questionados sobre as esperas das empregadas domésticas no ponto central, Cherulli e Lapate argumentaram que a integração foi estruturada para que os passageiros paguem menos. Lapate esclarece que nos bairros com menor demanda, como o City Ribeirão, o número de ônibus é menor, por isto, ele recomenda que os usuários se informem sobre os horários.
Sobre a substituição dos cobradores pela bilheteria eletrônica, Cherulli diz que tal política faz parte de uma tendência de mecanização da mão de obra. “Esse processo já é utilizado em plantações de cana- de- açúcar, nos bancos e está ligada a redução do custo”, explicou.
Tanto Lapate quanto Cherulli acreditam que os problemas relacionados a falta de cobradores possa ser resolvido com a utilização dos cartões. “Os usuários devem denunciar os motoristas que dão o troco com o ônibus em movimento, para isto é preciso anotar o horário e o número do veículo em que aconteceu este tipo de infração”, afirmou Lapate.
Quanto a qualidade dos veículos, Cherulli afirma que as empresas trabalham com a renovação da frota para evitar gastos com manutenção, assim, a maioria dos ônibus da cidade operam por uma média de três anos.
Segundo Lapate, 2014 é o prazo para que toda a frota de transporte coletivo do Brasil esteja dentro dos parâmetros de acessibilidade, o que foi decretado em lei. “Estamos buscando esta readequação da frota”, afirma.
Ribeirão Preto conta com 310 ônibus, sendo que cinco deles são equipados com elevador. Estão também em funcionamento 14 vans para cadeirantes no sistema Leva e Traz.
Em relação aos pontos, a Transerp é responsável pela manutenção e instalação dos 2.700 pontos distribuídos pela cidade, sendo que 550 deles têm abrigo e são estimados 400 novos abrigos em 2008. Lapate explica que a instalação dos pontos é difícil, especialmente na área central, pois depende da autorização do dono do imóvel frente ao ponto e da proibição do estacionamento.
Lapate e Cherulli são favoráveis a construção de terminais, porém, esta questão envolve também a prefeitura.Os terminais foram desativados em um projeto de reurbanização da cidade, realizado em 2000.

Serviço:
Os usuários podem registrar reclamações ou sugestões para o transporte público através do telefone 118, de segunda à sexta, das 7h às 21h. Sábados das 7h às 19h.
Para utilizar as vans especias para deficientes físicos, o usuário ou algum membro da família deve realizar o cadastro na Secretaria Municipal de Assistência Social. Rua Visconte do Rio Branco, 653. O telefone para informações é (16) 3610 5138.

Um pouco da nação

Nos anos 90 no interior do Recife nasceu uma nova batida, uma mistura de modernidade com raízes nordestinas: o manguebeat. O ritmo foi imortalizado pela banda Nação Zumbi e Chico Science, que deixaram Pernambuco para mostrar para o Brasil e para o mundo um som verdadeiramente brasileiro.
O manguebeat é um movimento que reúne músicos como Mundo Livre S/A, Mombojó e Mestre Ambrósio, mesclando maracatu, ciranda, embolada com rock alternativo e música eletrônica.
O primeiro Cd do Nação Zumbi foi Da Lama ao Caos, em 1993, que teve uma de suas faixas, a música Praieira na trilha sonora da novela Tropicaliente.
Chico Science acompanhou a banda em mais um Cd: Afrociberdelia , antes do acidente de carro que tirou sua vida em 1997.
Em sua homenagem foi gravado o Cd duplo CSNZ, com músicas ao vivo e alguns remixes. Em 2000 a banda toma fôlego e grava Rádio S.A.M.B.A, com o integrante Jorge Du Peixe no vocal.
A partir daí Nação Zumbi lança músicas poderosas como “Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada” e é considerada uma das maiores bandas independentes brasileiras.
2005 é o ano de lançamento do Cd Futura, em que os músicos abusam das experimentações com música eletrônica.
No final de outubro a banda lançou seu último trabalho: Fome de Tudo, reconhecido como o mais melódico de sua história, contando até mesmo com a participação especial da cantora Céu, porém, as letras continuam trazendo a crítica social e a poesia do maracatu.
Nesta semana foi celebrado o dia nacional da consciência negra, manifestações de nossa raiz cultural invadiram todo o país, uma data de denúncia, protesto e resistência. Bandas como Nação Zumbi demonstram a riqueza da cultura negra, muitas vezes esquecida.

domingo, 4 de novembro de 2007

Jornalismo cultural e decadência da mídia no Brasil


Dentre as variadas vertentes do jornalismo, uma chama minha atenção em especial, a do jornalismo cultural. Pouco valorizada no meio acadêmico, por muitas vezes ser confundida como algo restrito a releases, fotos de famosos e histórias em quadrinhos, esta é uma área fascinante por ter como função o debate e a divulgação de expressões culturais de todo tipo.
Um bom jornalista requer uma formação abrangente, em especial o que deseja seguir o jornalismo cultural, é necessário o interesse por todo tipo de manifestação artística e a reflexão critica sobre os movimentos culturais.
Porém, o que se percebe dentro de muitas universidades é o desinteresse por esta formação mais abrangente. Pelas duas universidades que passei – Unimep( Piracicaba) e Unaerp ( Ribeirão Preto) falta leitura e debate dentro da sala de aula, as aulas de temas gerais como sociologia são obrigatórias durante o primeiro ano, depois a preocupação passa a ser exclusivamente o mercado de trabalho.
Mas que mercado de trabalho é este, que não consegue agregar boa parte dos profissionais?
Existe uma discussão sobre o fim do jornalismo impresso, sobre o fim do modelo jornalístico que conhecemos, porém, parece que os acadêmicos não acreditam nesta discussão e continuam algemados às regras que colocam o jornalista distante do leitor.
Os grandes jornais do país são escritos para um público já estipulado: a classe média e alta. Em um país rico em diversidade cultural como o nosso, abrir os cadernos de cultura e até mesmo algumas revistas especializadas, nos leva a crer que estamos em outro lugar, em um país europeu talvez, porque é raro que se vejam matérias sobre música nordestina ou pequenos escritores.
Uma revista que consegue ultrapassar fronteiras é a mensal Raiz, que busca reunir manifestações culturais de todo o país e divulga eventos como a Semana de Arte Moderna da Periferia que acontece em São Paulo durante o mês de novembro.