Falta Almodóvar no novo filme de Almodóvar. A frase pode parecer sem sentido, mas o nome do diretor já é um adjetivo que descreve filmes surpreendentes, personagens excêntricos, historias dramáticas em cenários extremamente coloridos.
“Abrazos Rotos” ( Abraços Partidos) foi lançado na Europa em outubro e ainda não chegou ao Brasil. O diretor traz nos papéis principais suas atrizes favoritas: Penélope Cruz e Blanca Portilla e o elenco conta também com Lluis Homar e Rossy de Palma.
O filme segundo o que declarou Almodóvar no lançamento é uma declaração de seu amor pelo cinema. O roteiro é rico em metalinguagem, já que relata a história de um diretor e roterista de cinema no processo de produção de um filme.
A história não é linear, isto é bem Almodóvar, e avança e volta no tempo várias vezes, mas sem que o espectador se sinta perdido. O filme começa com um diretor de cinema cego, chamado Harry Caine tendo um caso com uma mulher bem mais jovem, que lê o jornal para Caine e entre as notícias diz que o empresário Ernesto Martel morreu, Caine fica claramente assustado com a informação.
O nome de Martel e o passado de Caine e de sua assistente Judit é o fio da história, que se desenrola com personagens gananciosos e com relações problemáticas. O tema familiar e a falta da presença paterna que são presenças constantes nos filmes de Almodóvar também estão neste filme, porém, de maneira menos intensa que em suas obras anteriores.
A melhor parte da obra é a releitura que o próprio diretor faz de “Mulheres à beira de um ataque de nervos”, para quem gostou deste filme uma grande oportunidade de rever cenas com outras atrizes interpretando.
O grande problema está na expectativa que um filme de Almodóvar causa, o filme é bom, mas o desfecho da trama foca-se apenas na personagem Judit, que relaciona todos os fatos sentada em uma mesa de bar e o pior é que algumas das revelações são previsíveis.
Falta o imprevisível, falta cor e falta drama, mas ainda assim é um filme que vale a pena ser visto.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
O “Iê Iê Iê” de Arnaldo Antunes
Sabe quando você come algo, tá gostoso, mas hum....tá faltando alguma coisa. Assim foi a sensação que tive ao sair do novo show de Arnaldo Antunes: “Iê Iê Iê”.
O CD que saiu do forno em setembro, teve a produção de Fernando Catatau, que também é criador de uma banda que vale muito a pena escutar: “Cidadão Instigado”, e contou com o apoio da Natura, o que rende shows a preços populares pelo Brasil a fora.
O problema são as músicas, Antunes buscou resgatar o inicio de sua carreira, com sonoridades mais simples e letras menos elaboradas. O show começa bem, mas vai ficando cansativo já que o ritmo não muda muito, uma espécie de tecnobrega e jovem guarda, um tanto repetitivo.
Além das músicas novas, o compositor faz releituras de velhos sucessos seus como “Consumado”, “Essa Mulher” e “Socorro”. E interpreta de maneira inovadora músicas conhecidas do grande público como “Quando você decidir”de Odair José , “Ela é Americana” de Dorgival Dantas e “Vou Festejar” , de Jorge Aragão.
Como letrista, Antunes sempre é incrível, destaque para a romântica e irônica “Sua Menina” (“Você trata muito mal sua princesa/um dia ela vai virar a mesa/seu olhar só vê o seu umbigo/ um dia ela vai ficar comigo”) e para a divertida “Invejoso” (“Invejoso querer o que é dos outros é o seu gozo/ e fica remoendo até o osso mas sua fruta só lhe dá caroço”).
O show vale para dançar engraçadinho e dar uma risadas, mas já fico no aguardo da próxima experiência musical de Arnaldo.
( Este texto está também no site http://www.cozinhasonora.com.br/ , um novo espaço para debater música na rede. Visite!)
sábado, 24 de outubro de 2009
Excentricidade e sensibilidade
As maneiras de lidar com a morte, este é o tema principal do filme japonês “A Partida” (Okuibito), que recebeu o Oscar deste ano como melhor filme estrangeiro e de diversos prêmios no Japão, China, Canadá e Estados Unidos.
O roteiro narra a história de um violoncelista (Daigo) que ao perder seu emprego em uma Orquestra que não recebe apoio, acaba encontrando trabalho em uma empresa funerária, porém, os funerais japoneses são ritualísticos e o cadáver além de ser maquiado, é lavado e vestido de uma maneira toda especial antes de ser cremado.
A atividade do funcionário que prepara o “nokanshi” é desprezada pela sociedade japonesa, e o músico esconde o novo trabalho de sua mulher Mika, quando ela descobre não aceita o emprego de seu marido e sai de casa. Daigo apesar da solidão, redescobre a paixão pela vida e percebe o quanto é preciso valorizar as pessoas e cada momento da existência.
A filmagem é de uma delicadeza impressionante, os objetos, os olhares e pequenos gestos ajudam a contar esta história que leva a muitas reflexões. É uma ótima oportunidade de conhecer um pouco da cultura japonesa, rica em simbolismos.
Ao assistir, as lágrimas se misturam a sorrisos, já que existem momentos em que os exageros nas atuações se tornam engraçados e dá para perceber porque os desenhos de mangá fazem tantas caretas.
Daigo encontra pessoas, famílias, religiões, histórias e encontra a tranquilidade quando reencontra seu pai, que não via desde os seis anos.
A relação entre o antigo e o moderno fica clara quando a orquestra é desvalorizada e quando a casa de banhos, que Daigo frequenta desde pequeno está ameaçada de fechar. É o novo Japão, das cidades grandes, das tecnologias convivendo com o Japão milenar, rico em costumes tradicionais.
O roteiro narra a história de um violoncelista (Daigo) que ao perder seu emprego em uma Orquestra que não recebe apoio, acaba encontrando trabalho em uma empresa funerária, porém, os funerais japoneses são ritualísticos e o cadáver além de ser maquiado, é lavado e vestido de uma maneira toda especial antes de ser cremado.
A atividade do funcionário que prepara o “nokanshi” é desprezada pela sociedade japonesa, e o músico esconde o novo trabalho de sua mulher Mika, quando ela descobre não aceita o emprego de seu marido e sai de casa. Daigo apesar da solidão, redescobre a paixão pela vida e percebe o quanto é preciso valorizar as pessoas e cada momento da existência.
A filmagem é de uma delicadeza impressionante, os objetos, os olhares e pequenos gestos ajudam a contar esta história que leva a muitas reflexões. É uma ótima oportunidade de conhecer um pouco da cultura japonesa, rica em simbolismos.
Ao assistir, as lágrimas se misturam a sorrisos, já que existem momentos em que os exageros nas atuações se tornam engraçados e dá para perceber porque os desenhos de mangá fazem tantas caretas.
Daigo encontra pessoas, famílias, religiões, histórias e encontra a tranquilidade quando reencontra seu pai, que não via desde os seis anos.
A relação entre o antigo e o moderno fica clara quando a orquestra é desvalorizada e quando a casa de banhos, que Daigo frequenta desde pequeno está ameaçada de fechar. É o novo Japão, das cidades grandes, das tecnologias convivendo com o Japão milenar, rico em costumes tradicionais.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
A nova produção de Tarantino-“Bastardos e Inglórios”
Assistir Tarantino sempre é uma experiência surpreendente, mesmo que alguns não gostem de seu estilo extremamente irônico e sanguinário, é inevitável aceitar que o diretor é genial em reunir diferentes linguagens.
“Bastardos e Inglórios”, lançado no Brasil neste mês, se passa na França durante a ocupação dos nazistas. A história começa com a caça aos judeus pelo coronel Hans Landa e o assassinato da família Dreyfus, cuja única sobrevivente é Shosana, uma menina que consegue fugir e assume uma identidade falsa para sobreviver aos nazistas e torna-se dona de um cinema.
O filme até aí parece apenas mais uma obra sobre o nazismo, até que entra em cena o bando conhecido como “Bastardos”, que tem como objetivo matar todos os nazistas e não somente com tiros, mas também com tacos de beisebol, bastões,facas e bombas relógio. O bando é comandado pelo personagem de Brad Pitt que traz uma interpretação bem parecida com o cigano Mickey de “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”.
Shosana reencontra o coronel que matou sua família por acaso, quando seu cinema é escolhido para o lançamento de um filme de Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista. Todos os membros do alto escalão do movimento nazista estavam presente no lançamento e tanto Shosana quanto o bando tinham um plano para acabar com a festa.
Durante as duas horas e meia de projeção é impossível ficar mais que cinco minutos sem dar risada, os diálogos são ricos em ironias, especialmente no personagem do coronel Hans e o diretor usa e abusa da violência, que ganha contornos de humor negro, mas como só Tarantino sabe fazer.
Para quem gosta do diretor fica como dica o curta “Tarantino’s Mind”, em que Selton Mello e Seu Jorge criam uma teoria que vincula uns aos outros os principais personagens de Tarantino. O curta está disponível http://video.google.com/videoplay?docid=1511515986562993804#
“Bastardos e Inglórios”, lançado no Brasil neste mês, se passa na França durante a ocupação dos nazistas. A história começa com a caça aos judeus pelo coronel Hans Landa e o assassinato da família Dreyfus, cuja única sobrevivente é Shosana, uma menina que consegue fugir e assume uma identidade falsa para sobreviver aos nazistas e torna-se dona de um cinema.
O filme até aí parece apenas mais uma obra sobre o nazismo, até que entra em cena o bando conhecido como “Bastardos”, que tem como objetivo matar todos os nazistas e não somente com tiros, mas também com tacos de beisebol, bastões,facas e bombas relógio. O bando é comandado pelo personagem de Brad Pitt que traz uma interpretação bem parecida com o cigano Mickey de “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”.
Shosana reencontra o coronel que matou sua família por acaso, quando seu cinema é escolhido para o lançamento de um filme de Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista. Todos os membros do alto escalão do movimento nazista estavam presente no lançamento e tanto Shosana quanto o bando tinham um plano para acabar com a festa.
Durante as duas horas e meia de projeção é impossível ficar mais que cinco minutos sem dar risada, os diálogos são ricos em ironias, especialmente no personagem do coronel Hans e o diretor usa e abusa da violência, que ganha contornos de humor negro, mas como só Tarantino sabe fazer.
Para quem gosta do diretor fica como dica o curta “Tarantino’s Mind”, em que Selton Mello e Seu Jorge criam uma teoria que vincula uns aos outros os principais personagens de Tarantino. O curta está disponível http://video.google.com/videoplay?docid=1511515986562993804#
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Música da Boa- Kiko Dinucci e Bando AfroMacarrônico
Se você está a procura de um novo som e nunca ouviu falar em Kiko Dinucci e o Bando AfroMacarrônico, ai vai a dica. O último álbum “Pastiche Nagô”, lançado simultaneamente no Brasil e Estados Unidos, ficou na lista dos 25 melhores discos de 2009 da Revista “RollingStone” e reúne uma mistura incrível de ritmos africanos e música latino-americana.
O paulista Kiko Dinucci é multiinstrumentista, compositor, produtor de vídeo, roteirista e artista plástico, dentre seus trabalhos está o longa “Carandiru” de Hector Babenco. A cultura popular e afro-brasileira que acompanha sua obra musical também está presente nas artes gráficas.
O Bando começou em 2001 e sempre buscou expressar a miscigenação da cultura brasileira, tendo como base o samba, já que umas principais influências de Dinucci é Adoniran Barbosa. “Adoniran é universal, ao mesmo tempo em que ele fala muito do pedaço de chão nosso, ele ta falando do mundo, do ser humano”, definiu o músico em entrevista ao programa “Metrópolis” em janeiro deste ano.
Os músicos já tocaram na Alemanha, Polônia e Itália acompanhando a banda de jazz “São Paulo Underground”. O Bando que tinha como essência o samba, ultrapassou barreiras e hoje envolve todo tipo de sonoridade, porém, o trabalho é incrível e reúne artistas que não tem limites para a experimentação e que usa todo contato com o público como oportunidade de criação.
Para conferir: www.myspace.com/afromacarronico
domingo, 11 de outubro de 2009
Era para rir? – “Os Normais 2”
O filme estrelado pelo conhecido casal Rui e Vani (Luis Fernando Guimarães e Fernanda Torres) não alcança a mesma qualidade do seriado que passou mais de dois anos na televisão aberta, sem contar as reprises nos canais pagos.
Para quem é fã da série o filme até encanta, por podermos rever o casal, mas não passa disso. O filme começa com os dois personagens dizendo que para fazer uma comédia não precisam falar palavrão, então eles leem uma lista enorme de palavrões e afirmam que os espectadores não vão ouvir nada disso neste filme.
Claro que os que já conhecem os personagens sabem que aquilo é mentira, afinal, o programa sempre foi regado a palavrões. No entanto, a brincadeira acaba funcionando como uma crítica ao próprio filme, que ultrapassa o bom senso no uso das palavras.
A trama toda acontece em um só noite, em que os dois após 13 anos de noivado percebem que o relacionamento caiu na rotina, para renovar Vani resolve aceitar os insistentes convites de Rui para fazer um “ménage-a-trois”. O casal então busca por uma mulher que tope o programa, a primeira delas é a prima Silvinha (Drica Moraes), que aceita o convite,o relacionamento que aparentemente vai dar certo acaba no hospital. Já neste momento, em que estamos ainda nos primeiros vinte minutos de filme fica clara a proposta do diretor José Alvarenga Júnior (“Divã”): um humor que mistura “pastelão” com humor negro, com personagens se machucando e velhinhas caindo pela janela.
Como não deu certo com Silvinha, Rui e Vani continuam a busca que passa por Danielle Winits, Cláudia Raia, Daniele Suzuki e Aline Moraes. A noite parece não ter fim, já que os dois passam por todo tipo de situação, de ficarem trancados no banheiro a serem roubados.
Os roteiristas Alexandre Machado e Fernanda Young buscando desesperadamente fazer rir exageram nas situações, acontece tanta coisa e tanta situação sem graça que você sempre fica com a esperança que nos próximos minutos algo mais engraçado aconteça, mas não acontece, já que todo o humor é construído em cima de sexo e palavrão.
Vale mais continuar assistindo as reprises da série que perder tempo com esse filme.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Comédia Romântica
Um dia desses andando pela locadora, procurando um filme bobinho para passar o domingo aluguei “Romance” (2008), o nome parecia dizer tudo, mais uma comédia romântica “água com açúcar”.
No entanto, me surpreendi, apesar da história simples o filme é rico em metalinguagem e poesia e arranca risadas e lágrimas. A direção é de Guel Arraes (“O Auto da Compadecida” / “Lisbela e o Prisioneiro”), o roteiro é de Jorge Furtado (“Meu tio matou um cara”) e no elenco estão Letícia Sabatella, Wagner Moura, Andréa Beltrão, Marco Nanini e José Wilker.
Ana (Sabatella) e Pedro (Wagner Moura) são atores de teatro, Pedro está montando a peça “Tristão e Isolda” e escolhe Ana para contracenar com ele na peça. O amor deles nasce entre a ficção e a realidade e diversas vezes o espectador não sabe se eles estão encenando ou se é verdade e esta metalinguagem que torna o filme tão interessante.
Os atores vivem a paixão até que Ana é convidada para estrelar uma novela, durante um tempo ela fica entre o teatro em São Paulo aos finais de semana e as gravações no Rio de Janeiro. Com o sucesso dela na TV as peças de Pedro recebem grandes platéias, mas ele está insatisfeito, argumenta que as pessoas estão ali para ver a atriz da novela e não pelo teatro, diante de crises de ciúme a paixão dos dois fica insustentável.
Tempos depois Pedro é convidado a dirigir uma minissérie na televisão e cria uma versão nordestina para “Tristão e Isolda”, neste momento o roteiro busca a comicidade, o que de certa forma atrapalha o resultado final, algumas piadas prontas e clichês quebram o andamento do filme.
Apesar desta quebra, os atores conseguem sustentar a obra, que tem alguns pontos fortes como a maneira irônica com que trata a vaidade dos atores famosos, representado especialmente pelo personagem de Marco Nanini.
A força do filme está também na trilha sonora, que tem como tema “Nosso estranho amor”, interpretada por Caetano Veloso. O roteiro lembra um pouco a série “Som e Fúria”, produzida este ano por Fernando Meirelles, que mostrou os bastidores do teatro.
Nos extras do DVD é possível assistir o making of e o episódio de “Tristão e Isolda” que é gravado dentro do filme.
No entanto, me surpreendi, apesar da história simples o filme é rico em metalinguagem e poesia e arranca risadas e lágrimas. A direção é de Guel Arraes (“O Auto da Compadecida” / “Lisbela e o Prisioneiro”), o roteiro é de Jorge Furtado (“Meu tio matou um cara”) e no elenco estão Letícia Sabatella, Wagner Moura, Andréa Beltrão, Marco Nanini e José Wilker.
Ana (Sabatella) e Pedro (Wagner Moura) são atores de teatro, Pedro está montando a peça “Tristão e Isolda” e escolhe Ana para contracenar com ele na peça. O amor deles nasce entre a ficção e a realidade e diversas vezes o espectador não sabe se eles estão encenando ou se é verdade e esta metalinguagem que torna o filme tão interessante.
Os atores vivem a paixão até que Ana é convidada para estrelar uma novela, durante um tempo ela fica entre o teatro em São Paulo aos finais de semana e as gravações no Rio de Janeiro. Com o sucesso dela na TV as peças de Pedro recebem grandes platéias, mas ele está insatisfeito, argumenta que as pessoas estão ali para ver a atriz da novela e não pelo teatro, diante de crises de ciúme a paixão dos dois fica insustentável.
Tempos depois Pedro é convidado a dirigir uma minissérie na televisão e cria uma versão nordestina para “Tristão e Isolda”, neste momento o roteiro busca a comicidade, o que de certa forma atrapalha o resultado final, algumas piadas prontas e clichês quebram o andamento do filme.
Apesar desta quebra, os atores conseguem sustentar a obra, que tem alguns pontos fortes como a maneira irônica com que trata a vaidade dos atores famosos, representado especialmente pelo personagem de Marco Nanini.
A força do filme está também na trilha sonora, que tem como tema “Nosso estranho amor”, interpretada por Caetano Veloso. O roteiro lembra um pouco a série “Som e Fúria”, produzida este ano por Fernando Meirelles, que mostrou os bastidores do teatro.
Nos extras do DVD é possível assistir o making of e o episódio de “Tristão e Isolda” que é gravado dentro do filme.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Nova música brasileira- Roberta Sá
Mulheres e música popular brasileira, a boa combinação virou moda nos últimos tempos com o lançamento de inúmeras cantoras jovens regravando antigos sucessos ou compondo a nova MPB. Dentre as inúmeras vozes, algumas inevitavelmente se destacam, Roberta Sá é uma delas.
Vinda do Rio Grande do Norte, mas crescida no Rio de Janeiro, Roberta faz um samba que mistura boas doses de brasilidade. O vínculo com a música veio desde pequena, mas foi somente aos 20 anos, quando estava ainda na faculdade de jornalismo que se descobriu cantora e pela insistência de sua professora de música foi participar do programa “Fama”. Pouco tempo depois teve sua voz na novela das oito “Celebridade”, com a música “A vizinha do Lado” de Dorival Caymmi.
O primeiro CD só saiu em 2004: “Braseiro”, com as participações especiais de Ney Matogrosso, MPB-4 e Pedro Luis e a Parede. O disco reúne composições conhecidas dos amantes do samba e da bossa nova, com letras assinadas por Chico Buarque e Paulinho da Viola. Neste primeiro trabalho Roberta revela sua voz, mas ainda não mostra sua personalidade, o CD é bem calmo, bom para ouvir em dias de chuva.
Apesar da inexperiência da cantora, este trabalho rendeu uma turnê nacional e shows em Portugal e na Alemanha.
Em 2007 vem o segundo álbum “Que belo estranho dia para se ter alegria”, que encanta os ouvidos desde o começo com músicas fortes, diversidade de ritmos e ótimas interpretações. As grandes parcerias continuam com Lenine, Carlos Malta e Pife Muderno. Neste CD o público pode conhecer a grande paixão de Roberta: o samba e a cantora se revela uma grande intérprete de letras bem-humoradas, impossível ouvir suas músicas e não sentir vontade de sair falando bom-dia por aí.
A música que dá origem ao título do álbum é de Lula Queiroga, um músico e compositor que tem parcerias com grandes nomes da música nacional e que pela riqueza de sua obra valeria tantos outros artigos.
Para quem gosta de ver o ouvir as músicas de destaque da cantora estão disponíveis também em DVD, gravado durante show no Rio de Janeiro. O diferencial deste último trabalho são dois duetos, um com Ney Matogrosso e outro com Chico Buarque.
Confira um pouquinho desta cantora que já tem lugar reservado na história da música brasileira: www.robertasa.com.br
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Experimentalismos
Reunir televisão e Internet é uma busca dos comunicadores na atualidade, com sites cada vez mais interativos e novas ferramentas o público pode a qualquer momento saber o que vai acontecer na novela ou a pauta dos principais jornais.
Interatividade tem sido uma palavra frequente que envolve um futuro que já começou: a televisão digital. Nesta busca por novas linguagens estreou no último domingo o programa “Norma”, uma produção da Rede Globo que busca o máximo da participação do público, que pode opinar pelo twitter, blog, vídeos ou no estúdio de gravação.
A personagem vivida por Denise Fraga tem 40 anos, uma filha adolescente e é separada há cerca de nove meses. Norma fez Psicologia, trabalha em um instituto de pesquisas e costuma fazer suas escolhas a partir de pesquisas ou da opinião de outras pessoas. A direção é assinada por Luis Villaça e o roteiro final é de Maurício Arruda, os mesmos profissionais do programa “Retrato Falado”.
O programa funciona assim: a equipe de produção coloca no site (http://participenorma.globo.com/) toda semana algumas perguntas como: “Como foi a sua primeira vez?” e qualquer um pode contar sua história. Outra opção é enviar um vídeo que pode sugerir cenas para o programa, relatar alguma ideia, enfim é um espaço livre e também tem um Chat em que o público pode acompanhar as gravações pela Internet e ir sugerindo mudanças no roteiro. Para os que gostam de escrever há a opção de redigir cenas completas.
A Denise Fraga alterna entre o bate-papo com o público e as encenações da Norma. Além do cenário do instituto de pesquisas onde fica a platéia, o programa é gravado em outros ambientes como a casa onde Norma mora com a filha, o barzinho que frequenta e cenas externas onde Denise fala com o público na rua.
A experimentação ficou muito clara neste primeiro episódio, excesso de assuntos de uma vez só e algumas participações do público que não acrescentaram muito à história atrapalharam a estréia, mas acredito que os produtores vão achar o equilíbrio e este pode ser um primeiro passo para programas realmente diferentes na televisão brasileira.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Silêncio na América Latina
A voz marcante que une os latino-americanos, que revela a riqueza deste continente multifacetado nos deixou neste domingo. A intérprete argentina Mercedes Sosa foi uma das maiores representantes da nossa música, cantou composições de vários países do continente, celebrou a cultura indígena e evidenciou a sabedorias dos povos oprimidos.
Sosa nasceu na província de Tucumán, a cerca de mil quilômetros de Buenos Aires e cantou desde muito jovem as canções populares que aprendeu em sua comunidade. Ficou conhecida com “la negra”, referência os seus cabelos negros e seus traços indígenas, o apelido carinhoso ajudou a mudar o sentido pejorativo da palavra negra na Argentina.
Além da voz inconfundível, Mercedes era uma figura forte com um sorriso encantador, que deixa um legado de músicas que nos fazem sentir orgulho das origens latino-americanas.
Sosa nasceu na província de Tucumán, a cerca de mil quilômetros de Buenos Aires e cantou desde muito jovem as canções populares que aprendeu em sua comunidade. Ficou conhecida com “la negra”, referência os seus cabelos negros e seus traços indígenas, o apelido carinhoso ajudou a mudar o sentido pejorativo da palavra negra na Argentina.
A cantora gravou seu primeiro disco na década de 60: “Canciones com Fundamento”, na década seguinte já era reconhecida por denunciar a opressão e foi proibida de cantar na ditadura de 1976. Mercedes viveu em Madri e Paris e voltou ao seu país somente em 1982, gravando “Mercedes Sosa en Argentina”.
Com a volta da democracia Sosa experimentou vários ritmos e fez parcerias musicais ao redor do mundo, porém, sua obra mais lembrada é “Gracias a La Vida”, escrita pela chilena Violeta Parra. No fim da década de 80 a cantora gravou “Amigos mios”, em que se reuniu com nomes latino-americanos como Milton Nascimento, Pablo Milanés (Cuba) e Charly Garcia(Argentina). Além deste disco a cantora organizou um dos mais importantes espetáculos apresentados na Argentina: “Sin Fronteras” que reuniu sete cantoras do continente, incluindo Beth Carvalho.
Entre Cds próprios e participações, a voz de Mercedes está presente em mais de 90 gravações, sendo que o último deles: “Cantora”, lançado em 2009 conta com a participação de Daniela Mercury. Mercedes foi amiga e gravou canções com muitos músicos brasileiros como Fagner, Chico Buarque e Maria Rita.Além da voz inconfundível, Mercedes era uma figura forte com um sorriso encantador, que deixa um legado de músicas que nos fazem sentir orgulho das origens latino-americanas.
Filme alternativo?
O cenário é a Irlanda, o tema é um romance entre dois desconhecidos que tem a paixão pela música em comum. “Apenas uma vez”, vencedor do Oscar de melhor canção em 2008 é um daqueles filmes, que você passa uma hora e meia esperando algo acontecer e nada acontece.
O filme busca o tempo todo ser alternativo, com filmagens através de vidros, closes em detalhes aparentemente sem importância, luzes amareladas, câmera na mão, objetos antigos, cenários “kitsch”,” flashbacks” em preto e branco,silêncios prolongados, porém, sem um bom roteiro a obra não convence. A história é bem simples: um homem que conserta aspiradores de pó na loja do pai e é músico nas horas vagas, tocando pelas ruas de Dublin para receber alguns trocados conhece uma imigrante tcheca que vende flores para os transeuntes e nas folgas toca piano em uma loja de instrumentos musicais.
Os dois são solitários, tiveram decepções amorosas e não têm muitos planos. Ao se conhecerem descobrem que formam uma bela dupla musical e passam uma semana juntos tocando e chegam a gravar um CD.
Os protagonistas são músicos e compositores na vida real: Glen Hansard e Marketa Irglova, o diretor também é músico: John Carney, talvez seja por isto que vale mais a trilha sonora que o filme em si.
Muitos diálogos são substituídos por canções, mas que não soam como os divertidos musicais, mas sim como clipes enfadonhos, assim nos poucos momentos em que o casal conversa as palavras são repetitivas e não acrescentam muito à história, especial ao personagem masculino que responde “cool” para quase tudo, em uma tentativa de demonstrar sua timidez.
Há uma clara tentativa do diretor em aproximar o público dos personagens filmando olhares e sorrisos, mostrando o quanto a vida dos dois é difícil, porém, eles não tem nome, suas atuações soam falsas algumas vezes e os sentimentos não ficam claros.
Talvez o filme valha por algumas músicas ( que até foram escolhidas para abrir alguns shows de Bob Dylan) e pelas cenas que mostram a Irlanda. Apesar de ter sido sucesso de público no Festival Sundance e ter recebido o Oscar, acho que falta muito para este ser um bom filme, que vá além dos elogios à trilha sonora.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Um dia com Luis Fernando Verissimo
A paixão pela música veio antes do encontro com a literatura, no entanto, é por seu jeito inconfundível de retratar as situações cotidianas que Luis Fernando Veríssimo é conhecido.
Humildade talvez seja a melhor palavra para descrever este homem que aos 72 anos mantém uma saúde de causar inveja e um olhar sensível e amoroso para os que dele se aproximam.
O autor é tímido, uma timidez que o torna ainda mais encantador, porém, é só subir no palco para falar ou para tocar que ele revela porque é o grande artista que é. Para quebrar a timidez basta falar de sua família. “Meus três filhos são escritores: um compositor, uma roteirista e uma pesquisadora”, diz com brilho nos olhos.
Dentro de sua intensa produção o autor não tem um livro favorito, apenas salienta que foi “O Analista de Bagé” que lhe deu visibilidade. Na bibliografia de seu pai, o livro favorito é “O Tempo e o Vento”, sendo que o primeiro da trilogia nomeado “O Continente”, para Luis Fernando é o mais expressivo. “Meu pai foi um dos primeiros brasileiros a fazer literatura urbana, informal e despojada. Ele foi incompreendido em sua época, mas foi descoberto pela crítica”.
Humildade talvez seja a melhor palavra para descrever este homem que aos 72 anos mantém uma saúde de causar inveja e um olhar sensível e amoroso para os que dele se aproximam.
O autor é saxofonista desde os 17 anos, idade em que morava com seu pai Érico Veríssimo , nos Estados Unidos. “A música me dá mais prazer que a literatura”, afirma o escritor que já perdeu as contas de quantos livros publicou.
Para manter seu vínculo com a música, Veríssimo faz parte do grupo Jazz 6, formado por músicos profissionais de Porto Alegre e que já tem quatro cds lançados. “Nunca me aprofundei na música ou mesmo no instrumento, o sax alto. Só o que eu queria era poder brincar de jazzista. Que é o que eu faço até hoje”.
A literatura só veio aos 30 anos, quando deixou as agências de publicidade para trabalhar em jornais. “Descobri minha vocação um pouco tarde e fiz de tudo para ser cronista, até horóscopo”. Além dos livros, Verissimo escreve semanalmente em grandes jornais do país e é chargista. Ao ser questionado sobre como consegue ter tanta inspiração, a resposta simples vem em seguida: “A musa do cronista é o prazo de entrega”.Para manter seu vínculo com a música, Veríssimo faz parte do grupo Jazz 6, formado por músicos profissionais de Porto Alegre e que já tem quatro cds lançados. “Nunca me aprofundei na música ou mesmo no instrumento, o sax alto. Só o que eu queria era poder brincar de jazzista. Que é o que eu faço até hoje”.
O autor é tímido, uma timidez que o torna ainda mais encantador, porém, é só subir no palco para falar ou para tocar que ele revela porque é o grande artista que é. Para quebrar a timidez basta falar de sua família. “Meus três filhos são escritores: um compositor, uma roteirista e uma pesquisadora”, diz com brilho nos olhos.
Dentro de sua intensa produção o autor não tem um livro favorito, apenas salienta que foi “O Analista de Bagé” que lhe deu visibilidade. Na bibliografia de seu pai, o livro favorito é “O Tempo e o Vento”, sendo que o primeiro da trilogia nomeado “O Continente”, para Luis Fernando é o mais expressivo. “Meu pai foi um dos primeiros brasileiros a fazer literatura urbana, informal e despojada. Ele foi incompreendido em sua época, mas foi descoberto pela crítica”.
Sobre as novas tecnologias, Veríssimo se mantém distante da Internet. “Uso o computador como uma máquina de escrever, exceto pelo e-mail. Nem sei bem o que é twitter”, porém, existem vários perfis falsos seus na rede de “microblogs”, um deles tem mais de 4 mil seguidores.
O sucesso não parece atrapalhá-lo em nada, Veríssimo tira fotos, abraça, escuta com paciência todos os fãs que se aproximam, seja para dar um presente ou simplesmente um abraço.
A leitura no Brasil ainda é um problema, no entanto, o autor acredita que textos curtos e bem humorados podem ser uma maneira de atrair os jovens leitores. “Acho que o que está sendo feito em muitas escolas, com feiras de livros, encontros com escritores e a encenação de textos literários está dando resultados. Agora, o mercado editorial só melhorará quando a economia de todo o país melhorar, uma coisa não pode ser desassociada da outra”.
Seu último livro está no prelo, será lançado pela editora Objetiva e chama-se “Os Espiões”, sobre a obra Veríssimo não revela muito, somente que trata-se de um romance que não foi encomendado pela editora e que história se passa em um cidade fictícia do interior do Rio Grande do Sul.
Assinar:
Postagens (Atom)