quinta-feira, 28 de junho de 2007

A linguagem no cinema


As histórias surgem na tela como se estivesse lendo vários livros ao mesmo tempo, as narrativas parecem desconexas, mas instigam a buscar o final.As horas passam rápido como se estivesse em outro lugar, não mais ali na sala, mas vivendo situações que não são minhas, mas poderiam ser. Os créditos correm pela tela e com uma mistura de incompreensão e satisfação, desligo a televisão.
Assim foi a experiência de assistir ao filme “Babel”, o último de uma trilogia que inclui “Amores Brutos” e “21 Gramas” do diretor mexicano Alejandro González Iñárritu.
O comunicar é a essência desta história, não só através das palavras, mas a linguagem como um todo, os gestos, os toques e olhares.As imagens se desenvolvem a partir da dificuldade que temos de olhar para o rosto do outro e buscar o que aquelas palavras realmente significam.
“Babel” desenha tramas que se aproximam e se afastam o tempo todo, cada personagem tem personalidade e vidas distinta, unidas aparentemente por um tiro, mas subjetivamente por diversos fatores como o preconceito e o medo.
A escolha de atores de diversas origens foi importante para que a história transmitisse veracidade, assim a obra reúne o americano Brad Pitt (“Clube da Luta”),a austríaca Cate Blanchett ( “O Aviador”), o mexicano Gael García Bernal ( “Diários de Motocicleta”) e a japonesa Koji Yakusho ( “Memórias de uma Gueixa” ) , sem contar os talentosos atores mirins.
Interessante notar que não há uma clara separação entre atores principais e coadjuvantes, todos os que passam pelo filme têm personalidade e relevância para o andamento do roteiro.
As cores e os sons têm grande influência no modo de contar, assim o espectador pode caminhar pelas diversas histórias reconhecendo-as. O silêncio passa a ser elemento fundamental, especialmente para entrar no mundo da personagem Yasujiro(Koji Yakusho), que é surda-muda.
“Babel” foi reconhecido nos principais festivais de cinema do mundo, concorreu a sete Oscars este ano, foi vencedor do Globo de Ouro de melhor filme e em três categorias no Festival de Cannes, entre outras premiações na França, EUA, Inglaterra e Dinamarca.
Ao assistir, não espere por um término, não há um desfecho claro, mas sim a possibilidade de quem assiste encontrar seu próprio resultado final, baseado nas sensações e reflexões que o filme provocou.

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