quarta-feira, 25 de julho de 2007

O novo cinema brasileiro



Nos acostumamos tanto a ver filmes, que parece que cada vez se torna mais difícil sermos surpreendidos.O filme “O cheiro do ralo” conseguiu a façanha de ser surpreendente do inicio ao fim, todos os movimentos são inesperados, os personagens vão do cômico ao trágico em um piscar de olhos e as sensações que despertam em quem assistem passam pelas gostosas risadas à angustia.
A direção é de Heitor Dahlia, que dirigiu seu primeiro longa “Nina” em 2004, um diretor que podemos dizer que faz parte do cenário underground do cinema brasileiro.O filme é uma adaptação do livro homônimo de Lourenço Mutarelli
O livro é a primeira experiência em romance do cartunista Mutarelli, que tem por característica em suas histórias em quadrinhos embutir em seus heróis particularidades da sociedade contemporânea.
O personagem principal desta história, de nome também Lourenço é vivido por Selton Mello, que foi responsável também pela co produção do filme.
Lourenço é dono de uma estranha loja de objetos usados, por onde passa todo tipo de gente, querendo vender as mais bizarras peças que são selecionadas de forma ininteligível por ele. O humor se constrói pela forma como seus clientes são tratados, relações momentâneas em que o personagem abusa do sarcasmo.
A maioria dos atores nunca havia interpretado, o que traz um ar de teatro para o filme, as interpretações são exageradas, o que ao contrário do que poderia se prever faz com que a história aproxime-se do cotidiano.
A trama tem como protagonista o cheiro que vem do ralo do banheirinho da loja. Lourenço no inicio parece se incomodar e se desculpa o tempo todo pelo cheiro desconfortável, porém, com o andamento do filme o tal cheiro passa a ser uma obsessão e a ter importância filosófica para explicar as suas ações.
O roteiro remete à loucura cotidiana, às confusões de pensamento e de desejo que cercam todo ser humano. Assim, o riso do cinismo do personagem passa a ser uma risada de si mesmo.
Quem assiste ao filme pode ter todo tipo de reação com o personagem, raiva, ódio, dó, carinho, ou todos esses sentimentos juntos, é como se ele tivesse alma, uma personalidade própria que pode cativar ou desagradar.
O filme agradou aos críticos no Festival de Sundance, no Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo, onde foi eleito como melhor filme.
Selton respondeu de forma concisa a pergunta sobre o que era o filme em entrevista à Terra Magazine : “é um filme impossível de explicar, só assistindo”.

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