quinta-feira, 14 de junho de 2007

Sobre liberdade de imprensa

A decisão do presidente da Venezuela Hugo Chávez de não renovar a concessão da emissora de televisão RCTV, a mais antiga na rede privada do país, levou a discussões sobre liberdade de imprensa no mundo todo.
No Brasil, em especial no estado de São Paulo, a exposição da mídia sobre o caso demonstrou pouca discussão e muita crítica a atitude de Chavéz.
Resoluções fortemente arbitrárias como esta chamam a atenção da mídia, pois colocam em evidência algo que é pouco questionado: a tão aclamada liberdade de imprensa.
Talvez seja banal dizer que existem grupos majoritários de comunicação em nosso país e que na maioria das vezes o grupo que dirige a emissora que assistimos é o mesmo do jornal que lemos.Realidade que não é só exclusividade nossa, mas sim de vários países.
Estamos o tempo todo lidando com publicidade como esta: “a TV Globo pode ser assistida em 99,84% dos 5.043 municípios brasileiros” e acabamos por nos habituarmos a viver em um espaço homogeneizado.
Nos anos em que vivi na cidade de Piracicaba presenciei, mais de uma vez, o fechamento pelos grupos de radialistas da cidade de uma rádio de bairro (Blackout) que era mantida ilegalmente pelos próprios moradores, após anos de tentativas por uma concessão.
O motivo de tanto “ódio” dos colegas comunicadores era o fato de que dentro dos bairros que tinha alcance, a Blackout era a única ouvida.Isto aponta um problema sério, pois para a população dos bairros da periferia piracicabana o que eles ouviam nas outras emissoras não era o que almejavam saber.
O desejo dos meios de comunicação alternativa é o de dialogar sobre os interesses das minorias.Estes espaços de luta são massacrados pelos que tem a falsa idéia de que o espaço radioelétrico pertence a algumas empresas privadas.
As concessões no Brasil parecem ser vitalícias, há pouca renovação de sobrenomes nas diretorias dos meios de comunicação e grande parte destes nomes estão ligados a interesses políticos.
Para a democratização é preciso o direito efetivo de qualquer cidadão comunicar-se, não só individualmente, mas também coletivamente.
Fica o questionamento, o que temos no Brasil é liberdade de imprensa?

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