segunda-feira, 4 de junho de 2007

O filme sobre o nada



Sala escura e na tela a imagem de um ônibus partindo de São Paulo, o céu amarelo e a paisagem seca do sertão são as indicações que o destino é o Nordeste.O ônibus pára no meio da estrada, a personagem principal, Hermilia, 21 anos, desce com um menino no colo e uma mala na mão.A câmera caminha pelo local mostrando um posto de gasolina e ruas de terra batida.
O filme é o brasileiro “O Céu de Suely” que estreou em 2006 e teve direção de Karim Aïnouz que também dirigiu “Madame Satã” e foi co-produtor de filmes como “Abril Despedaçado” e “Cidade Baixa”.
“O Céu de Suely” ganhou vários prêmios e foi selecionado em festivais importantes no exterior como o Festival de Toronto e de Veneza.
Passei o filme todo buscando entender o porquê de tamanho sucesso, o roteiro é simples: uma mulher tem um filho com seu namorado em São Paulo e por não conseguir se manter na cidade grande volta para sua origem, a pequena Iguatu.
História simples e recheada de clichês como a pobreza, a falta de opções dos nordestinos, gravidez na adolescência, sexo e prostituição.
O cinema brasileiro renasceu, porém, há o perigo de criarmos a fórmula de que basta usar uma cidade do interior nordestino como cenário que tudo estará resolvido.
O nordeste é uma região rica em cultura, em histórias, mas não basta uma câmera se não há criatividade na maneira de relatar.Muitos filmes utilizaram a região como cenário de forma extremamente poética como “O Auto da Compadecida” e “A Máquina”.
A forma como Karim Aïnouz relata a história deixa o espectador imerso em monotonia, o roteiro não nos permite compreender as relações de Hermilia com seu filho, com a família e com os homens.Apesar de acompanharmos a personagem em todos os momentos de seu cotidiano,tudo não passa de cena atrás de cena.
Vale a pena ver o filme por curiosidade, para ao menos tentar entender o porquê de ter recebido tantas críticas positivas.

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