terça-feira, 8 de setembro de 2009

O Leitor



A paixão pela literatura, o holocausto e um amor obscuro. Os três temas juntos compõem o filme “O Leitor”, obra dirigida por Stephen Daldry (“As Horas”), baseada em livro homônimo de Bernhard Schilnk.


O filme concorreu a cinco Oscars em 2009, sendo que a atriz Kate Winslet ganhou o de melhor atriz. Kate interpreta Hanna, uma mulher misteriosa de 36 anos, que se envolve com um jovem de 15 anos, Michel. A relação que dura apenas um verão envolve sexo regado a clássicos da literatura, o menino lê histórias todos os dias para Hanna.


O que para a mulher, aparentemente, foi apenas uma relação superficial, marcou a vida de Michel, que durante anos tem dificuldade em se relacionar com outras pessoas.


A história é toda contada por Michel (Ralph Fiennes), que relembra a relação ao encontrar Hanna em um tribunal, acusada por ter sido guarda em um campo de concentração. Neste momento o segredo que Hanna carregou pela vida toda pode diminuir seus anos na cadeia, porém, ela prefere omitir o que aconteceu e é sentenciada à prisão perpétua.


Os dois mantêm contato durante anos através de cartas, em que Michel envia fitas de áudio com leituras dos livros preferidos de Hanna. O filme caminha lentamente e envolve a cada instante com seus silêncios e detalhes.


Na história não existem erros ou acertos, os personagens são tão humanos que nos sentimos próximos a eles e para contar suas vidas o diretor não precisou de grandes falas, somente de olhares e gestos muito bem encenados pelos atores.


O drama do holocausto funciona como pano de fundo de uma paixão que apesar das imensas distâncias permaneceu. No entanto, a obra é bem mais do que um filme de amor.

Um comentário:

Rafael Martins disse...

Alessandra,
Como você disse: O Leitor “é bem mais do que um filme de amor.” É, sobretudo, um filme que discute a moral. O que me espanta em Hanna, a personagem de Kate, é a capacidade que a mesma tem de se emocionar com aquelas obras literárias magníficas e mesmo assim tornar-se um dos braços do nazismo, encarando isso como apenas mais um de seus empregos. A incapacidade que a maioria dos homens tem de refletir sobre as ordens que recebe, de questionar-se, me perturba.
Nas cenas em que Hanna e suas companheiras são julgadas, há uma grande hipocrisia dos que estão presentes na platéia. Todos ambicionam que elas recebam a sentença mais dura, mas são incapazes de aceitar que a grande maioria ali presente fora complacente com a loucura de Hitler. Culpar aquelas mulheres coloca a platéia do lado dos inocentes e não dos co-autores das barbáries.
A propósito, sobre a relação entre Hanna e Michael, acho que Hanna é tão apaixonada quanto Michael, mas não vê futuro certo para relação de ambos (talvez pela diferença de idade). Mais do que ir embora, ela queria fugir da possibilidade de sofrer.
Rafael