domingo, 26 de setembro de 2010

Todo poder tem limite ???

Surpresa (talvez esperada) hoje pela manhã um editorial enorme na capa do jornal “Folha de São Paulo” , texto inflamado afirmando que há um interesse do governo Lula e possivelmente do próximo governo em cercear a liberdade de imprensa. A capa da revista “Veja” não poderia ser diferente, uma estrela vermelha, um trecho do capítulo sobre a Comunicação Social da Constituição Federal e a chamada: “ A Liberdade Sob Ataque”.
As críticas de Lula à grande imprensa chegaram tarde demais, um governo que teve como ministro das comunicações Hélio Costa, um homem historicamente vinculado aos grandes grupos de comunicação do país, que implantou um modelo de TV Digital que não colabora com a qualidade do conteúdo da programação, que não propôs revisões do papel da ANATEL e até mesmo fortaleceu a violência contra os movimentos das rádios livres e comunitárias. Um governo que só fez uma Conferência Nacional de Comunicação, que resultou na criação de uma lista enorme de propostas, sem nenhuma previsão de serem efetivadas. Que teve como maior bandeira a implantação dos telecentros e da banda larga, sem entender que mídia livre não é sinônimo de mídia digital, que o problema da comunicação no país é muito mais profundo que o acesso à internet.
Parece clichê falar nos monopólios e oligopólios evidentes na comunicação deste país, mas talvez valha a pena refletir que temos sete famílias cuidando de 90% dos meios de comunicação, que não há possibilidade de aplicação do artigo da Comunicação Social porque não existem formas legais de controle do respeito à lei, que as leis de radiodifusão comunitária são limitantes, que as leis para regionalizar a programação estão tramitando no Congresso há mais de 10 anos e nunca são aprovadas, entre outros inúmeros fatores problemáticos.
Quando Lula se coloca contra à ação da grande imprensa ele reafirma que seu governo não tomou nenhuma decisão efetiva pela democratização da comunicação. A resposta da grande mídia reafirma que estamos sobre uma ditadura, a ditadura das grandes empresas de comunicação, que se sentiram contrariadas, que se eximem da responsabilidade pelo que expressam em um país que não compreende que a comunicação é um direito.
O que há de mais surpreendente no dia de hoje talvez seja “O Estado de São Paulo” ter colocado seu apoio à candidatura de José Serra, afirmado que não preza e nunca prezou pelo equilíbrio ou pela tentativa de imparcialidade jornalística.
Toda a movimentação da mídia às vésperas da eleição é esperada, estamos em uma semana de grandes decisões, o que não pode continuar sendo comum é o silêncio, a aceitação de uma mídia que não tem nenhum respeito pela diversidade e pela pluralidade, uma mídia que não se propõe a enriquecer o debate público.
Independentemente de quem ganhe as eleições, as discussões de hoje devem abrir os olhos para a realidade problemática da comunicação no Brasil.

4 comentários:

cecil disse...

há algum tempo os fatos dizem que a mídia-empresa - a instituição, não é nem nunca foi imparcial e nem pretende ser. só um ou outro jornalista, ser humano e com viés ético, que esparrama a poeira para o espaço publico. taí muito cala-boca-jornalista, sem nenhum apoio 'instituído', inclusive de quem deveria abraçar que são os sindicatos de jornalismo. taí o caso do Passaia de Dourados - nós leitores já duvidamos sobre o que o levou denunciar, perguntamos primeiro o que há atrás da cortina, se foi por ética, medo ou sei lá que mais. de todo modo, que saia algo para debatermos e buscar alguma luz.

Geso Jr disse...

Lele. Ótimo texto!
Ontem quando vi ambas as capas fiquei intrigado, pensando nessa questão, também pelo "clichê" do oligopólio mas não somente.
Geso pergunta:
1) Você enxerga, por outro lado, que há o problema de "populismo"?
2) Quando você citou o Estadão, foi surpreendente de maneira positiva ou negativa?
Hoje a Folha de SP trouxe uma entrevista interessante no 1º caderno...sobre o assunto.
Beijooo, cabeça iluminada. Saudade

Geso Jr disse...

Lele. Ótimo texto!
Ontem quando vi ambas as capas fiquei intrigado, pensando nessa questão, também pelo "clichê" do oligopólio mas não somente.
Geso pergunta:
1) Você enxerga, por outro lado, que há o problema de "populismo"?
2) Quando você citou o Estadão, foi surpreendente de maneira positiva ou negativa?
Hoje a Folha de SP trouxe uma entrevista interessante no 1º caderno...sobre o assunto.
Beijooo, cabeça iluminada. Saudade

Anônimo disse...

qualquer reflexão sobre a realidade vale a pena...
O Brasil ainda caminha a passos lentos para uma verdadeira democracia!
Bj gd