sábado, 17 de maio de 2008

Porco ou homem?


“- Você tem que ler “Revolução dos Bichos” de George Orwell”. Muitas vez ouvi essa frase durante o ensino médio e não dei atenção. Até que alguns amigos comentaram na semana passada sobre este clássico da literatura, e resolvi me arriscar.

Uma sátira ao comunismo, essa era a única informação que eu tinha, porém, o Orwell como em “1984” supera as expectativas, mostrando como a história da humanidade pode se repetir de diversas maneiras.

A história se passa na Granja do Solar, uma chácara comandada pelo alcoólatra Sr. Jones, que maltrata os animais e busca lucrar cada vez mais. Os animais passam seus dias sendo escravizados, trabalhando muito para ganhar doses reduzidas de ração.

Um dia um velho porco, muito sábio, conhecido por Major chama todos os animais para uma reunião noturna , onde fala sobre um sonho onde o homem desaparecia da Terra e tudo era melhor. Ele incentivou aos animais a fazerem uma revolução onde todos os bichos seriam auto-suficientes e iguais e o principal inimigo eram os humanos.

O velho Major morreu pouco depois de falar sobre sonho e então dois porcos decidem iniciar a revolução: Bola-de- Neve e Napoleão.

Após três meses de reuniões secretas, em uma noite em que o Sr. Jones chegou completamente bêbado, os animais conseguiram tomar a granja, que passou a se chamar Granja dos Bichos.

Durante um certo tempo tudo dava certo, os animais produziam o suficiente, tinham dias de folga e viviam como iguais, as decisões eram tomadas em assembléias, onde todos podiam votar.

Inicialmente Bola-de-Neve era o comandante, mas na ânsia de conseguir o poder, Napoleão o traiu com propaganda negativa e mentirosa, expulsou-o e tomou o poder.

Napoleão na verdade era um chefe autoritário e sanguinário, que no decorrer da história abusa do poder de todas as maneiras possíveis. Essa estória lembra muito a relação de Stálin e Trotski.

Ao ler o livro é possível perceber como cada personagem representa algo na história, como um porco chamado Garganta que fazia toda a propaganda positiva de Napoleão e representa o sistema de propaganda que os regimes autoritários utilizavam, há também os animais que trabalhavam duro e não entendiam muito bem o que estava acontecendo, representando ai a população desinformada que acreditava cegamente na Revolução.

Existem também os cães ferozes que faziam a guarda de Napoleão, algo que lembram as polícias em época de ditadura.

Os sete mandamentos da Granja dos Bichos que no inicio falavam em igualdade acabam em um só mandamento: Todos são iguais, mas alguns animais são mais iguais que outros.

O livro foi escrito em 1945 e representa uma crítica a como o comunismo como foi praticado, porém, a história atravessou épocas e pode ser comparada com qualquer ditadura ou relações de desigualdade presente ainda na sociedade.

É possível dar boas risadas com essa obra, mas é inevitável pensar em como construímos as relações de poder e no quanto elas são perigosas.

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