sábado, 3 de março de 2007

Rediscutir a violência


A última edição da revista Caros Amigos trouxe uma entrevista com a presidente do instituto de segurança pública do estado do rio de janeiro, Ana Paula Miranda.
Foi uma matéria que me marcou, pois algumas colocações dela sobre a violência me fizeram repensar.
A entrevista inicia-se com uma questão sobre a insegurança, em porque a população do Rio se sente tão insegura( questão que pode ser remetida a boa parte da população do país),segundo pesquisas do instituto a insegurança está ligada ao medo do que é desconhecido ,como as favelas.
As favelas têm o estereótipo de lugar perigoso, e as pessoas que têm mais medo são as que têm menos chance de serem vitimadas. Cria-se toda uma imagem de violência, de perigo eminente, uma paranóia construída por um conjunto de fatores.
Semana passada por exemplo roubaram o rádio do meu carro, em pânico minha família já correu para uma loja especializada em alarmes.Toda pessoa que eu conversei sobre o caso tinha alguma história, na maioria das vezes bem pior que a minha, para contar.
Percebi que toda vez que paro o carro, penso : “Será que a hora que eu voltar ele vai estar aí?” , é muito fácil entrar nesse jogo paranóico.
Abrimos o jornal e vemos violência, conversamos com as pessoas e elas estão vivendo em pânico.Não é por acaso que somos o país que tem mais carros blindados do mundo, e que a segurança particular é o segundo negócio mais rentável do país.
No Rio segundo Ana Paula o crime é muito desorganizado, o que dificulta o trabalho de controle da violência: “Nessa rede de tráfico, quando você prende um dito chefão, que não é chefão coisa nenhum, é um gerente, sempre tem outro que quer aparecer mais que o anterior...”.
O modo com a mídia retrata tais problemas tem um peso muito forte, como mostrar o que está acontecendo sem causar o pânico geral da população, e sem tornar a violência algo banalizado?
No ponto de vista da entrevistada a gente se acostumou a ver jovens morrendo e isso já não nos toca mais.Acredito que esse é um grande problema, a despreocupação com o outro, com aquele que mora no lugar “perigoso” que desconheço.
A preocupação passa a ser somente individual, eu preocupada com o meu carro e não com os problemas que envolvem quem o roubou.E é aí que ao meu ver está o verdadeiro perigo, na individualização.
Há um documentário chamado “Violência S.A” que trata muito bem a nossa relação com a violência e com o medo.O filme traz de forma irônica questões muito relevantes, que nos fazem rir desconfortavelmente de nossa própria situação.Sem dúvida vale a pena assisti-lo para repensar em como lidamos com o “outro”.

4 comentários:

bernardo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
bernardo disse...

umacrise.blogspot.com

esse é o meu.

ls

bernardo disse...

alessandra?
vc está on-line?
é o lucas

Segunda Pele disse...

Oi Lê! Te achei no blog do seu papá!
Esse assunto realmente dá no que falar,é um emaranhado de coisas que o Brasil precisa aprender a desenrolar.

Beijossss!