
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Por onde andará o cinema brasileiro?

terça-feira, 15 de abril de 2008
Teatro Social

Em 2005 o diretor de teatro, Magno Bucci que trabalha na área há quatro décadas iniciou o Projeto Presídio Feminino, que leva oficinas teatrais para o presídio da cidade.
Bucci procurava um trabalho diferenciado e desafiador. “Eu gostaria de trabalhar com pessoas sonhadoras e lá estavam elas, o tempo todo sonhando com a liberdade, com o resgate da dignidade, o retorno a família, rever o mundo lá fora e o afeto”, afirma.
Assim que Bucci apresentou o projeto, a diretoria do presídio aceitou a idéia. Segundo ele, falta trabalho voluntário nos presídios, muitos ainda têm medo de trabalhar com este público.
Os encontros semanais resultaram em três montagens somente em 2006. “O aprendizado foi mútuo, tive de rever toda a minha experiência com teatro para aprender algo novo, lidar com uma nova forma de fazer teatro, mais participativa, versátil e essencialmente mais humana”.
Os ensaios começam com uma pergunta simples: “O que vocês querem ser?” e é a partir das histórias de vida e dos desejos destas mulheres que Bucci escreve o texto e aprende a lidar com as improvisações que elas criam no momento das apresentações.
O projeto já resultou em apresentações dentro do presídio para as internas e para convidados, duas exposições fotográficas, além da repercussão em jornais locais e a concepção de um material escrito sobre a vivência.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Transcendência da arte

A 26
O museu Casa de Portinari foi fundado em 1970 e abriga a história do artista através de suas obras. Nos cômodos estão pinturas murais, aplicadas diretamente sobre as paredes através de técnicas de afresco e têmpera que tornam o acervo permanente e fascinante.
Além dos murais o acervo conta com desenhos, estudos, objetos, utensílios, fotografias e documentos colaborando para que entendamos como era a vida naquela época.
Ao lado da casa principal existe uma casinha conhecida como a capela da Nonna.que foi construída em
Portinari pintou em todo o cômodo os santos prediletos da avó, dentre eles São Francisco, Santa Luzia e São Pedro, com fisionomias de pessoas conhecidas, como membros da família e amigos e também um pequeno altar com flores. Ao entrar nessa capela a emoção é muito forte, há toda uma vibração de fé expressa nos olhares dos personagens ali retratados.
Para finalizar a viagem ao mundo de Portinari vale a pena andar mais
Um pouco de história
Portinari nasceu em uma fazenda de café próxima a Brodowski em 1903, na época um vilarejo de 700 habitantes (hoje são 20 mil).
Quando Portinari tinha 15 anos passou pelo vilarejo um grupo de pintores e escultores italianos que decoravam igrejas e o garoto foi escolhido como um dos ajudantes, assim nasceu seu amor pela pintura. No ano seguinte, decidido a se tornar pintor, ele se mudou para o Rio de Janeiro e ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, a única profissionalizante na área do país.
Durante os nove anos que passou na escola, Portinari participou de diversos concursos artísticos, conquistou prêmios e teve um certo destaque na mídia.
Em 1929 realizou sua primeira exposição individual no Palace Hotel do Rio de Janeiro. No mesmo ano ganhou uma viagem para a França em um concurso da Escola Nacional de Belas Artes.
Após visitar museus em parte da Europa, Portinari voltou da viagem com novas idéias: retratar seu povo.
O Brasil na década de 30 estava sob a presidência de Getúlio Vargas e vivia reformas em vários setores, inclusive no cultural com a renovação de instituições artísticas. Portinari chamava cada vez mais atenção com suas obras de características modernistas, com ênfase nos problemas sociais.
“Estou com os que acham que não há arte neutra. Mesmo sem nenhuma intenção do pintor, o quadro indica sempre um sentido social” ( Folha da Noite, 1934)
Portinari foi um dos vanguardistas no desenvolvimento da técnica de pintura mural em afrescos no Brasil. Elogiado por críticos, incentivado por autores como Mário de Andrade, Graciliano Ramos e Carlos Drummond e também reconhecido nos Estados Unidos, o artista seguiu desenvolvendo sempre com criticidade seu trabalho.
Em 1945 um novo movimento político surge no Brasil, resistente a ditadura, artistas e intelectuais se unem no Partido Comunista. Nomes de prestígio como Portinari, Jorge Amado e Caio Prado Júnior se integram aos comunistas.
Em 1951 um evento artístico marca a cena cultural do Brasil: a 1º Bienal de Arte de São Paulo, entre os artistas convidados está Portinari, com uma sala exclusiva.
Aos 50 anos o pintor apresenta problemas de saúde em conseqüência do uso de certas tintas, ele sofre várias vezes nos próximos anos de dores, no entanto, não deixa os pincéis.
Em 1957 começa a escrever uma espécie de diário e inicia sua atividade literária.
Cinco anos depois, em fevereiro de 1962 Portinari falece no Rio de Janeiro. A presidência da República decretou luto oficial por três dias.
Portinari deixou um legado de mais de 4.700 obras entre gravuras, desenhos e pinturas, envolvendo mais de 450 temáticas. Além deste imenso material o artista escreveu poemas e ilustrou livros.
Em 2004 foi lançado um catálogo Raissoné das obras de Portinari (reúne obras dispersas de um artista renomado de forma analítica), o primeiro sobre um artista na América Latina. A primeira edição foi concebida em 5 volumes e teve tiragem de 2.000 exemplares. Idealizado por seu filho, João Cândido Portinari, este é um trabalho de extrema importância para a preservação da obra do artista e para auxiliar pesquisadores e pintores.